Resenha - Pais e Filhos
- Lucas Rodrigues Cândido
- 10 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de jul. de 2020
No dia 9 de novembro de 1818 nasceu, na cidade de Oriol, Rússia, Ivan Sergeiévitch Turguêniev, este que seria um dos maiores romancistas russos do século XIX.
Quando falamos da grandiosa literatura clássica russa, alguns nomes nos vêm à mente, tais como Anton Tchekhov, Nikolai Gógol, Liev Tolstói e Fiódor Dostoiévski, mas nenhum desses conseguiu divulgar a literatura russa no ocidente como Ivan Turguêniev. Um escritor que trouxe uma filosofia a ser seguida pela nova geração de russos da época, o niilismo, sendo a visão cética em relação as interpretações da realidade.
Na obra Pais e Filhos o niilismo nos é apresentado como Evguéni Vassílievitch Bazárov, o protagonista do livro. Bazárov é um jovem estudante de medicina que desafia as ideias liberais da geração anterior e os sentimentos tradicionais e ortodoxos russos de seus progenitores. A vida para Bazárov é supérflua, não passando de um tempo inútil e sem sentido, já que a morte é algo inescapável. O desprezo da arte é mais uma de suas características, pois a arte nada tem a acrescentar a sua ciência. A personalidade cética e cientifica de Bazárov é exaltada ainda mais na obra por Arkádi Nikoláievitch Kiesánov, que por conta da amizade com Bazárov se denomina um niilista. Também é um recém-formado na Universidade de São Petersburgo que está retornando a casa de seu pai com o novo amigo.
No decorrer do romance, vemos que o embate das gerações de 1840 e 1860 é algo claro e explicito. Em algumas cenas onde os familiares de Arkádi, senhores de uma geração extremamente política e com grande apreciação da arte, discutem com Bazárov, de uma forma que beira a revolta. Eles não conseguem entender aquela nova visão de mundo, onde seus princípios não significam nada, fazendo com que o niilista se torne uma espécie de vilão.
Entretanto, se engana aquele que pensa que Turguêniev apenas enalteceria o niilismo, pois, na própria obra, conseguimos ver Bazárov cedendo a algo que ele mesmo achava o cumulo da inutilidade, seus próprios sentimentos, fazendo com que o protagonista se apaixone. A partir desse ponto, o escritor começa uma critica ao niilismo, demostrando, de certa forma, a imaturidade da nova geração russa.
O livro é considerado um clássico da literatura russa, Ivan Turguêniev consegue de maneira magnifica nos mostrar como o pensamento niilista é desenvolvido e empregado em uma pessoa. Bazárov, a todo momento, tenta nos convencer de que a sua filosofia é algo certo de forma sarcástica e até bem humorada, fazendo com que seus diálogos sejam inteligentes e as vezes soe como um descaso ao outro. Sem sombra de dúvidas é um dos meus livros favoritos e um excelente ponto de partida para conhecer mais do autor.
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